Embora Petrarca quisesse se igualar a seus antigos predecessores em seus poemas latinos e tenha alcançado grande reconhecimento entre seus contemporâneos, a crítica literária tardia viu nesses escritos uma artificialidade linguística e uma erudição ostentatória. Os estudos atuais, contudo, enfatizam que este segmento particular das obras de Petrarca requer um olhar mais atento, do ponto de vista teorético e estético-literário, que foque especificamente na abordagem do autor em relação à questão da imitação, vendo na regra da imitatio antiquorum o núcleo da sua reflexão meta-literária e historiosófica. Na poesia latina, Petrarca
explora os modelos antigos canônicos, notavelmente Virgílio e Horácio. Porém, em seu opus magnum, Africa, o autor revela uma diversidade estilística e composicional: a Aeneid, de Virgílio, a épica imperial e tardo antiga, a prosa historiográfica e os comentários. A leitura e apropriação dos clássicos por Petrarca exclui, assim, uma imitação rígida de um único modelo, optando por uma inspiração de múltiplas fontes, em termo de conteúdo, composição e estilo.
Whereas Petrarch himself hoped to equal his ancient predecessors by composing poems in Latin, and did achieve thus much recognition among his contemporaries, later literary criticism was more reluctant to appreciate these writings, pointing out their linguistic artificiality and ostentatious erudition. In today’s scholarship, however, it is emphasized that this particular segment of Petrarch’s oeuvre requires a closer look, from theoretical and literary-aesthetic viewpoint, focusing specifically on the author’s approach to the question of imitation. It is also
stressed that the rule of imitatio antiquorum constitutes the center of his reflection, both metaliterary and historiosophic. Petrarch, in his Latin poetry, explores canonical ancient models, notably Virgil (epic and bucolic) and Horace (verse epistle). But his opus magnum, Africa,
reveals compositional as well as stylistic diversity, modeled not only on Vergil’s Aeneid but also on imperial and late antique epic, as well as on historiographic prose and, last but not least, commentary writings. Petrarch’s way of reading and appropriating the classics excludes rigid,
one-model imitation, opting for multi-source inspiration, in terms of content, composition, and style.